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Em Busca do Admirável Estado Laico

  • Mateus Machado
  • 8 de out. de 2016
  • 4 min de leitura


Como responder a um Estado Laico, quando o próprio povo, presos aos velhos paradigmas religiosos, não consegue ser imparcial no exercício de sua cidadania diante dos direitos do outro?


A impossibilidade, do Estado ser laico, acontece quando a metástase é encontrada, por exemplo, na raiz de religiões expansionistas como o cristianismo e islamismo – Afinal, ser laico é ir contra o “Ide e pregai o evangelho...” mas que “evangelho” é esse?


E junto ao judaísmo, temos as três maiores religiões monoteístas do planeta, por não aceitarem ou não entenderem a pluralidade na individualidade, e também por serem consideradas religiões do Livro. Porém, não apenas pela problemática das traduções, as escrituras podem ser interpretadas de maneiras diversas. Creio que, quando Cristo disse aos seus apóstolos - “ide e pregai o evangelho...”, não só Cristo, mas Krishna, Buddah, Espinosa (e que Einstein disse que só aceitava o Deus de Espinosa), dentre outros, – a primeira pergunta é: Qual é o evangelho que tanto Cristo, como outros avatares nos deixaram, sendo que Cristo, bem como a maioria dos demais, nada escreveu? Ouso a responder: - Amor! Eis a palavra.


Mas que amor? Cristo resumiu os dez mandamentos em dois – “Amai a Deus sobre todas as coisas e amai ao próximo como a ti mesmo”, o que nos leva a outra consideração importantíssima: Quantos se amam de verdade? – E dentro da palavra “Amor” podemos encontrar “Tolerância”, “Perdão”, “Gnose” (conhecimento adquirido pela Alma), entre outras. Pregar o evangelho “amor” é muito diferente de pregar doutrinas deturpadas o mal interpretadas pelas religiões. Prova é que, historicamente, o nome de “Deus” foi usado para justificar “Guerras Santas”, Inquisições, Atentados, Terrorismos e outras carnificinas.


Outro ponto a ser observado, ainda que aparentemente pareça irrelevante, é a problemática dos arquétipos, dos símbolos e dos conceitos no seio de nossa sociedade; a Justiça sendo representada pela figura de uma deusa grega de os olhos vendados, segurando uma balança em uma das mãos e na outra uma espada, ao mesmo tempo em que temos de prestar juramento diante da Bíblia Sagrada (cristã) quando estamos diante de um julgamento formal. Ou o Caduceu de Mercúrio para o Comércio, e o Bastão de Asclépio simbolizando a Medicina. Se herdamos nossa bagagem greco-romana é natural que ainda hoje deuses, deusas e outras figuras ligadas as antigas religiões, façam parte da nossa simbologia.



Um estado genuinamente laico necessitaria de novos símbolos, neutros, puros de qualquer religiosidade, ou ao menos, desligado da esfera simbólica do sagrado, para representar os pilares da sociedade sem que haja nenhuma alusão as esferas espirituais. Uma vez que ainda hoje nos encontramos perdidos, “incomunicáveis”, em nossa Babel histórica, e com isso nos confundimos em nossas próprias razões formadas e conceitos imaturos, nos tornando cegos e surdos para o mundo. Mas como organizar uma sociedade sem a influência religiosa, ainda que indiretamente? Dostoiévski nos alertou quando escreveu “se Deus não existisse, precisaríamos inventá-lo”, ou como reinterpretou Sartre “Se Deus não existe, tudo é permitido”.



No Brasil o preconceito e a perseguição aos grupos religiosos são transculturais; racial, e político, afinal em nossa moeda está a sentença cristã “Deus Seja Louvado”, em vez de “Oxalá Seja Louvado” ou “Tupã Seja Louvado” ou ainda “O estado Seja louvado”.


Religiões afrodescendente, religiões espíritas, bem como ritos arcaicos; xamanismos, Santo Daime e outros, ainda hoje sofrem com a perseguição de igrejas pentecostais, e mesmo católicas, ainda que implicitamente. E por que não dizer dos próprios judeus tradicionais que consideram a própria Kabbalah como herética. Toda cultura que o homem Cristo teve enquanto era ensinado pelos “essênios”, é hoje ignorado ou desconsiderado tanto pelo cristianismo quanto pelo próprio judaísmo.

Diante das mudanças globais, das redefinições em todas as esferas sociais, as religiões não ficarão isentas destas transformações. A união entre espiritualidade e ciência já é uma realidade. A era do cientificismo ficou para trás, destruída, com sua base abalada pela Matemática do Caos de Henry Poincaré, pelo Princípio da Incerteza (ou da indeterminação) de Werner Heisenberg no ano de 1927. Hoje a união entre Ciência e Espiritualidade (ou mesmo, religião) está caminhando para se tornar a base do atual milênio.


Não seria a Física Quântica a mais nova versão da Cabala Mística? Algum de vocês que me leem já pensaram alguma vez no que pode ser de verdade o tão falado, místico e maravilhoso “Buraco Negro”, ou o Bóson de Higgs, também conhecido como “Partícula de Deus”? Não seria o “Vácuo Quântico” a moderna representação de Deus?


Se nos próximos 200 anos as religiões, como a conhecemos hoje, não se alinharem com as propostas da Nova Era, (que já estamos vivendo desde setembro de 2012), não se reciclarem, se não abandonarem o Chumbo da Ignorância, simplesmente serão extintas. E uma dessas propostas é o respeito mútuo entre as religiões. Não mais a competição, mas cooperação; e esse conceito, essa nova proposta serve para todas as esferas sociopolíticas.


As religiões, em sua grande maioria, são o que são pela falta de compreensão em um nível mais profundo dos próprios Mitos. Mircea Eliade interpretou o Mito como a essência da religião, acreditando que era justamente a sacralidade do Mito que sustenta a religião dando estrutura e também utilidade; experimentando um momento religioso, uma (re)conexão com a Fonte de Tudo, por meio das histórias míticas. Para ensinar religião nas escolas, dentro de um conceito laico, é preciso ensinar não uma religião específica, mas a essência do sagrado através dos Mitos de todas as culturas possíveis.


O Estado Laico no momento atual nos serve como um consolo para o que poderá vir amanhã, porque hoje, o próprio conceito se enrosca em elementos fundamentais, como os simbolismos que travestimos enquanto civilização, além das contradições das interpretações e, infelizmente, como religiosos ou não, ainda somos imaturos demais para pregar o Evangelho do Amor, seja em um Estado laico ou não.











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