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As Bandeiras do Imaginário

  • Mateus Machado
  • 9 de out. de 2016
  • 6 min de leitura

“Se a coesão da nossa sociedade era mantida outrora pelo imaginário de progresso,

ela o é hoje pelo imaginário da catástrofe”

- Jean Baudrillard

Não pretendo tratar aqui o significado da Bandeira do Brasil, ou melhor, o Lema “Ordem e Progresso”, dentro do Positivismo de Auguste Comte (1798-1857), que há muito está ultrapassado; uma vez que seu conceito está atrelado ao cientificismo. E não quero me prender ao significado das cores, comumente tradado nas escolas, e que originalmente simbolizavam as cores da família real de D. Pedro I e sua ligação com a Ordem Maçônica, e que com o tempo passou a ser associado com significados mais próximos a nós brasileiros e ao país; o branco significando paz, o azul o céu e os rios, o amarelo o ouro e todas as demais riquezas minerais; o verde as matas com sua fauna e flora e sua biodiversidade.


Símbolo máximo de qualquer país, toda bandeira é carregada de simbolismos e significados que pretendem representar ou ordenar a base de uma Nação. E mais; dar uma identidade a seu povo (identidade também está relacionado ao espaço físico).


Seguindo no mesmo tom do último artigo publicado, sobre o “Quinto Império” (http://www.olharcritico.com.br/brasil-o-quinto-imperio-parte-i/) e neste mesmo blog, quero agora falar sobre a interpretação esotérica/espiritual da nossa bandeira, como um ponto de vista, para não cairmos no ceticismo ou na mera crendice. Para quem desejar saber mais a respeito segue o link:


Não raras vezes vi internautas postando nas redes sociais imagens da bandeira do Brasil com cores diferentes; preto, cinza e vermelho, por exemplo. Em geral pejorativo, como atitudes de protesto, revolta ou indignação, até por motivos ideológicos. Considerada como manifestação de desrespeito conforme o artigo 31, lei n° 5.700 de setembro de 1971.


Conforme foi dito no artigo anterior, já faz algum tempo que evito cair na descrença, ou pior, no negativismo, embora acredite que não apenas nossos país, mas o mundo todo está em convulsão catártica, resultado de uma transição planetária, em todos os níveis, podendo assinalar um novo divisor de águas na história da humanidade. Por isso hoje não compartilho mais dessas “postagens” nas redes sociais usando-se de imagens ou frases pejorativas sobre o Brasil, uma vez que nada acrescenta. Não podemos confundir o país, o território geográfico, com os seus representantes políticos, até porque o que constrói uma nação é a sua totalidade. E se imagem é tudo, somos aquilo que nos representa.



Poderíamos, ao menos, considerar o capítulo 12, versículos de 1 a 5 do livro do Apocalipse (Revelações), uma mensagem velada sobre o futuro do Brasil? Será o Brasil a “mulher vestida de sol”, devido ao seu clima quente, ensolarado? Teria mesmo a “Lua debaixo dos seus pés” (Argentina, pela etimologia, Argentum, prata em latim, metal relacionado com a lua)? E ainda “uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça” (os doze países da América do Sul, dos quais dez o Brasil faz fronteira)?


E se no mapa da Itália podemos ver a figura de uma bota, e no dos E.U.A. algo parecido a um peixe, podemos ver facilmente a figura de um triangulo com a base para cima no mapa do Brasil. Se formos além e considerarmos uma barra vertical nos paralelos 15° e 20°, temos também o símbolo do Feminino, elemento terra.


Pela Astrologia o Brasil nasceu (a partir de sua independência de Portugal; 07 de Setembro de 1822) sob o signo de Virgem, remetendo-nos ao simbolismo do Sagrado Feminino, a Deusa Mãe; a representação da “Mãe” em Virgem é a da mulher de ventre puro para dar à Luz, é a primeira representação da trindade arquetípica da Mãe comum em várias culturas; a mãe virgem com o útero puro, a mãe adulta que já vivenciou o parto, e finalmente a mãe anciã, que dá à luz à Sabedoria.


Lembremo-nos que a padroeira do Brasil é a Nossa Senhora Aparecida, também protetora das grávidas. Creio que o incidente mais famoso foi o “chute na santa” protagonizado pelo “ex-bispo” evangelista Sérgio von Helde da IURD, causando comoção e revolta nacional, foi antes de tudo uma atitude contra um dos maiores símbolos religiosos do país, houve outros casos parecidos.


E não se trata de uma questão religiosa, mas arquetípica (no inconsciente coletivo); a violência contra o Sagrado Feminino, não necessariamente contra uma imagem religiosa, mas contra uma mãe arquetípica. Quer destruir uma nação, destrua seus símbolos. Embora as “Figuras de Poder”, as referências “simbólicas” de nossa atual civilização, os nossos novos “heróis” transfigurados em ricos e famosos, não passem de seres débeis, humanoides vazios de conteúdo relevante.


Temos 27 estrelas dentro da esfera, cada estrela representando um estado e uma representando o Distrito Federal. A constelação do Cruzeiro do Sul representa os seguintes estados; São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia.




É interessante que a posição astronômica das estrelas esta fielmente representada na bandeira, ao contrário das representações em outras bandeiras.

E para quem ainda não sabe, a estrela solitária acima da faixa branca é a Spica (a espiga de trigo, facilmente associada ao signo de Virgem), representando o estado do Pará (Belém é sua capital) a principal estrela da constelação de Virgem. É o trigo para se fazer o pão; o alimento do corpo físico e o pão da palavra de Sabedoria.


A esfera é a representação geométrica da divindade, da perfeição, aqui a cor Azul significa “Poder e Vontade” (força de vontade para criar), o Amarelo, a “Sabedoria Espiritual de Cristo”, representado na figura do losango (ou octaedro), que também pode ser visto como duas pirâmides ligadas pela base; com a esfera dentro do losango temos o Olho da Onisciência, que tudo vê e sabe. Apesar da configuração, o losango tem o mesmo significado que o selo de Visnhu; a união do feminino e masculino sobrepostos.


Não seria o mesmo selo de Salomão, a Estrela de Davi? O retângulo, que por extensão pode nos levar ao Cubo, contendo seis lados, que ao abrir suas faces forma-se uma Cruz. É a parte material, concreta, consciente, ainda que limitada, em contraposição com o equilíbrio dos opostos (feminino e masculino) do losango e a perfeição (do espírito) sem limites da Esfera. O Verde é a abundancia, a fertilidade da Mãe terra ainda Virgem, mas pronta para dar à luz. O Branco da faixa e das estrelas, união das cores, é a Paz do Espírito.



O lema “Ordem e Progresso” vem da autoria de Auguste Comte, na íntegra “O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim” um ideal republicano. Porém aqui, o lema “Ordem e Progresso”, precisa ser analisado com mais cuidado.


A palavra ordem vem do Latim ordo, significando “arranjo de elementos feito conforme certos critérios”, como a organização dos fios em um tear para tecer uma peça de tecido. Do verbo ordiri, ordenar, originalmente “começar a tecer”. Associamos facilmente a palavra “ordem” com a força policial ou militar, e não nos damos conta de que organizações criminosas, as redes de tráfico de drogas, por exemplo, são altamente ordenadas, havendo ordem e disciplina ensinadas desde a infância; as crianças trabalhando como “aviõezinhos” do tráfico. Progresso do latim progredi “avançar, seguir em frente”, e esse seguir em frente não é apenas materialmente, mas ética e moralmente. E também espiritualmente (fora do contexto religioso), como força da Alma. Nossa “Ordem e Progresso” precisa de mais “work in progress”.


O perigo é que “Ordem e Progresso” sem Amor pode se tornar facilmente uma máquina (cientificismo); sem espontaneidade, sem criatividade, sem alma; desumana. Sim, o Amor como princípio deve ser buscado, ainda que seja um amor longe da perfeição, desde que esteja em busca dessa perfeição.


Todo nacionalismo é patológico; e seu primeiro sintoma, pelo menos o mais fácil de detectar, é a xenofobia. A reflexão aqui é: Que bandeiras nós estamos levantando? Para que bandeiras estamos depositando nossas energias, nos unindo, lutando?

Ficou muito claro, diante dos acontecimentos políticos dos últimos anos, que o cenário é pior do que se imaginava. O país foi dividido em duas bandeiras, duas facções. A problemática é que a maioria das pessoas foi contaminada pelas mídias e redes sociais e por uma ideologia carregada de violência xenofóbica dentro da própria casa. Poucas são as pessoas que, nesses momentos, conseguem ser maduras, não apenas politicamente, mas sábias em não se deixar levar pela onda de (des)informação (a falta é tão nociva quanto o excesso) propagada como fogo em mato seco, sem se contaminar por tendências ou paixões, que no fundo são egoístas.


A imaturidade política tem se mostrado cada vez mais como uma deficiência, não apenas ideológica ou educacional, mas também na compreensão do próprio papel do indivíduo ao exercer sua cidadania junto aos direitos e deveres democráticos, independente de posição partidária. Daí as maiores bandeiras levantadas são as da ignorância, do preconceito, do ódio, do ego. Não se luta pelo coletivo, ninguém está mais disposto a morrer em prol do bem para a maioria, mas para a minoria, usando como referência o próprio umbigo. Deixar se levar pela onda midiática é fácil, é a oportunidade para jogarmos nossas frustrações pessoais, nossas questões mal resolvidas, questões existenciais inclusive.


O problema não é a crítica ou o protesto em si, mas a falta de reflexão e compreensão do porquê se está


lutando. As massas são passivas à manipulação. E ainda somos imaturos antes, durante e depois do voto, junto às políticas e seus elementos em todos os setores e níveis dentro do nosso cotidiano.


Se conseguirmos compreender melhor os nossos próprios símbolos, sua mensagem, a começar pela bandeira que nos representa como nação, poderemos nos desvencilhar com mais lucidez do “imaginário da catástrofe”, essa força coletiva da qual cada um de nós temos uma boa parcela, não de culpa, mas de responsabilidade.





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Mateus Machado


Escreve também para o portal Olhar Crítico


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