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O Gato Por Dentro e Por Fora

  • Mateus Machado
  • 17 de set. de 2016
  • 5 min de leitura

"O gato é um ser essencialmente livre

e essa liberdade desafia o homem"

- Nise da Silveira

"Os gatos foram colocados no mundo

para refutar o dogma de que todas as coisas

foram criadas para servir ao homem"

- Paul Gray

É ilusão, aliás, um erro grosseiro, acreditar que gatos são simples animais de estimação, os famosos ”Pets”. Podemos considera-los como “Obras de Arte”, como já observou Leonardo da Vinci. Considera-lo “bicho de estimação”, faz não só com que estejamos diminuindo drasticamente a real finalidade destes animais, como também distorcendo seu simbolismo e enfraquecendo a sua Egrégora. No entanto, quem mais perde com isso, somos nós, os humanos.


Primeiro vamos entender a finalidade de um “animal doméstico”. Podemos considerar animais domésticos todos aqueles seres que são domesticados pelo ser humano, ou seja, que são trazidos para junto da convivência humana para fornecer algum produto, serviço, ou mesmo para ser usado em algum tipo de trabalho; carne, leite, pele, ovos, uso da força bruta, entre outras coisas. Ao contrário do “bicho de estimação”, animais domésticos são fornecedores de serviços e produtos e, dificilmente eles escapam do sacrifício da morte. Já os bichos de estimação estão ainda mais próximos de nós e nos servem de companhia, satisfazendo nossas carências, nos dando segurança, alimentando os nossos caprichos. Tentamos “humaniza-los”, quando na verdade são eles que nos humanizam. Enfim, são animais que, de tão próximos, podem dormir dentro de nossas casas, no sofá ou mesmo em nossa cama, ao contrário de uma vaca, um cavalo ou uma galinha. Além de cães e gatos, há os mais exóticos, como os mini porcos, coelhos, aves ou peixes ornamentais (nossos enfeites vivos) entre outros, que conquistam livre acesso em nossos lares.


Dentre os animais de estimação, é o cão que reina soberano como preferência em boa parte do mundo e que ganhou a alcunha de “melhor amigo do homem”, embora a preferência por gatos tenha aumentado nos últimos anos e um dos motivos é o estilo de vida moderno. Cães são animais dependentes e sua manutenção, seguido à risca, é cara e trabalhosa. Mas o que faz do cão o animal de estimação por excelência é que ele é altamente domesticável e dependente, assim como os humanos, de fácil domesticação, propensos à manipulação.


Não é o que acontece com o gato, embora haja uma tentativa ridícula, para não dizer abusiva, de tentar adestra-lo. Isso vai totalmente contra a sua natureza; colocá-lo em guias atadas em coleiras personalizadas, tentar dar comandos esperando que este magnífico ser responda servil, como se essas “habilidades”, ou melhor, esses condicionamentos, fosse um sinal ou parâmetro para inteligência. A domesticação não faz parte, ou melhor, não se encaixa a natureza dos felinos. Temos diante de nós um tigre em miniatura. Alguém já disse, certa vez, que Deus nos deu o gato para que tivéssemos o prazer de acariciar um tigre.

Um estudo pioneiro, publicado na Revista Nature, tem provado que o tigre está mais próximo do gato “doméstico” do que se imaginava e do qual se afastou há aproximadamente 10,8 milhões de anos, compartilhando 95,6 % de seu genoma com o nosso “bichano”. Isso já sabiam os poetas e os gateiros mais sensíveis e observadores. E o poeta e contista Jorge L. Borges vai além, ao falar sobre a lenda de que todos os segredos do universo estão criptografados nas listras dos tigres. Hoje também sabemos que os felinos, como nós humanos, tem impressões digitais únicas.


A ciência vem provando, entre outras coisas, que o gato é um animal altamente terapêutico. Pesquisas tem mostrado que conviver com gatos diminui os riscos de uma pessoa ser vítima de um ataque cardíaco. Gatos também ajudam na produção de oxitocina, ou hormônio do amor, no cérebro, diminuindo em nós a agressividade, aumentando a concentração, a aprendizagem e a empatia. Esse hormônio é produzido no hipotálamo, e ele é responsável por diminuírem os níveis de cortisol, outro hormônio, responsável pelo estresse. Com isso somos beneficiados com a sensação de bem-estar físico e emocional, nosso sistema imunológico é fortalecido, além da harmonia que é promovida para o nosso corpo e mente.


São apenas alguns exemplos. E poderíamos ir além se considerarmos o gato como um animal que vive entre os mundos, entre a nossa realidade física e outras realidades paralelas, mais sutis. E o leque de possibilidades aumenta se considerarmos a crença de que eles são como filtros que absorvem e transmutam as energias mais densas de nós e do ambiente; é o seu poder curativo em atividade, justificando assim os longos períodos de sono tão comuns a estes animais. E sim, eles nos entendem, nos leem por dentro e por fora. Sabem, por exemplo, se podemos ser confiáveis ou não.


Gatos são animais quânticos.

Segundo alguns pesquisadores a relação entre o gato e o ser humano começou por volta de 10,000 anos atrás, e foi através do estoque de colheitas dos primeiros agricultores que passou a atrair roedores em busca de sementes. Logo, o gato da espécie Felis Silvestris, se aproximou para caçar esses roedores e com o tempo e a convivência vieram a se tornar Felis Sivestris Catus, o atual gato “doméstico”. No entanto há outros animais como doninhas e serpentes que são igualmente ou até mais eficazes na eliminação de ratos. Ainda que a aproximação do gato tenha sido por esse motivo, hoje, em nosso atual mundo moderno, não há mais necessidade dessa parceria; gatos são dispensáveis, uma vez que há tecnologias para o controle de pragas.


Minha opinião é a mesma do escritor William S. Burroughs; a de que gatos são, e sempre foram, nossos guias espirituais, “espíritos familiares”, e que sua aproximação se deve a uma questão mais espiritual do que meramente casual ou por um instinto de sobrevivência.


O gato é um Totem, um Neototem, ou o que podemos chamar de uma versão mais moderna de “animal de poder”, tornando-se um animal de Poder & Cura.


Creio que houve não uma evolução no relacionamento entre o gato e o ser humano, mas uma abertura de consciência para que este relacionamento se aperfeiçoasse à níveis mais sutis. Isso já havia acontecido uma vez com os egípcios, que levaram o relacionamento ao patamar da adoração, o que acabou sendo prejudicial para as duas espécies. De qualquer forma, foi com a experiência com o povo egípcio que a relação espiritual entre gato e ser humano se aflorou pela primeira vez; alguns acreditam que essa experiência aconteceu bem antes, com o povo de Atlântida. Penso que a chave nessa relação em particular, é a questão da igualdade; ao menos esta é uma das qualidades que o gato veio trazer para nós, bem como nos ensinar sobre a independência e a liberdade. É de conhecimento de muitos pesquisadores, psicólogos, terapeutas e gateiros, que o gato vê o ser humano como um igual, da mesma espécie, um gato maior apenas, como alguém da “família”. E essa maneira de “ver” dos gatos explica muito do seu temperamento.


Gatos não querem ser adorados, querem ser tratados com igualdade. E Igualdade, o sonho da civilização moderna, é uma das propostas da Era de Aquário.


Seja como for, gatos também são nossos companheiros espirituais. Não somos seus donos, eles não são nossa propriedade. O ideal é que seja uma relação de parceria, de amor, entre dois seres que dividem a mesma casa, o mesmo ambiente. Embora a relação entre gatos e humanos, no decorrer da história, sempre foi controversa, hoje estamos mais próximos de uma melhor compreensão do papel e do lugar deste ser admirável, o gato. E se a humanidade está passando por um novo despertar de consciência, o gato tem muito a nos ensinar e nos ajudar nesse processo, servindo nos como exemplo de amor e companheirismo sem apego, sem o apelo da posse, exemplo de independência e da liberdade de sermos, antes de tudo, verdadeiros.




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Mateus Machado


Escreve também para o portal Olhar Crítico


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